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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Qual era a visão dos Judeus no aspecto da CRIAÇÃO.


3 Os judeus tinham idéias muito incertas em relação à vida futura.
Acreditavam nos anjos como os seres privilegiados da Criação, mas
não sabiam que, um dia, os homens pudessem tornar-se anjos e partilhar
da felicidade deles. Pensavam que o cumprimento das leis de Deus era
recompensado pelos bens da Terra, pela supremacia de sua nação;
pelas vitórias sobre seus inimigos, enquanto as calamidades coletivas
e as derrotas eram o castigo da sua desobediência àquelas leis. Moisés
não poderia dizer mais a um povo pastor, inculto, que devia estar
interessado, antes de mais nada, nas coisas deste mundo. Mais tarde,
Jesus veio lhes revelar que há um outro mundo onde a Justiça de Deus
segue seu curso, e é este mundo que promete aos que respeitam os
mandamentos de Deus e onde os bons acharão sua recompensa. Esse
mundo é o seu reino; é lá que Jesus está em toda a sua glória e para
onde retornou ao deixar a Terra.
No entanto, Jesus, ajustando seu ensinamento ao estado dos
homens de sua época, julgou conveniente não lhes dar uma luz
completa, que os ofuscaria ao invés de esclarecê-los, pois não O teriam
entendido. Limitou-se a colocar, de algum modo, a vida futura como
um princípio, como uma lei da Natureza à qual ninguém pode escapar.
Aquele que crê acredita de algum modo numa vida futura, mas a idéia
que muitos fazem disso é pouco clara, incompleta, e por isso mesmo
em muitos pontos falsa. Para uma grande maioria, é apenas uma
crença sem certeza absoluta; daí as dúvidas e, até mesmo, a
incredulidade.
O Espiritismo veio completar nesse ponto, como em muitos
outros, o ensinamento do Cristo, quando os homens já estavam
maduros para compreender a verdade. Com o Espiritismo, a vida futura
não é mais um simples artigo de fé, uma incerteza: é uma realidade
material demonstrada pelos fatos. São as testemunhas oculares que
vêm descrevê-la em todas as suas fases e em todos os seus detalhes,
de tal modo que não há mais possibilidade de dúvidas, e a mais simples
das inteligências pode compreendê-la sob seu aspecto verdadeiro,
tal como imaginamos um país do qual lemos apenas uma descrição
detalhada. Assim é que essa descrição da vida futura é de tal maneira
mostrada, são tão racionais as condições de existência feliz ou infeliz
dos que lá se encontram, que reconhecemos não poder ser de outra
forma e que, afinal, aí reside a verdadeira Justiça de Deus.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO


MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
A vida futura
A realeza de Jesus
O ponto de vista
Instruções dos Espíritos: Uma realeza terrena
1. Tornou a entrar Pilatos no palácio, e chamou a Jesus, e disse:
Tu és o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: O meu reino não é
deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, certo que os
meus ministros haveriam de pelejar para que eu não fosse entregue
aos judeus; mas por agora o meu reino não é daqui. Disse
então Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu o dizes. Eu
sou rei. Eu não nasci nem vim a este mundo senão para dar testemunho
da verdade; todo aquele que é da verdade ouve a minha
voz. (João, 18:33, 36 e 37)
A VIDA FUTURA
2 Jesus diz claramente, por estas palavras, que a vida futura, à
qual em muitas circunstâncias se referiu, é a meta a que se destina a
Humanidade, devendo ser o objeto das principais preocupações do
homem na Terra. Em todos os seus ensinamentos ressalta este grande
princípio. Sem a vida futura, de fato, a maioria de seus ensinamentos
morais não teriam nenhuma razão de ser. É por isso que aqueles que
não acreditam na vida futura, imaginando que Jesus só falava da vida
presente, não os entendem, ou os acham ingênuos.
Este dogma* pode, portanto, ser considerado como o principal
ponto do ensinamento do Cristo. Por isso foi colocado como um dos
primeiros, no início desta obra, pois deve ser o objetivo de todos os
homens; apenas ele pode justificar as anormalidades da vida terrena
e ajustar-se de conformidade com a justiça de Deus.
* N. E. - Dogma: Esta palavra adquiriu de forma genérica o significado de um princípio de
doutrina infalível e indiscutível; porém, o seu verdadeiro sentido não é esse. A Doutrina
Espírita não é dogmática, no sentido que se conhece em alguns credos religiosos que adotam
o princípio filosófico (Fideísmo), em que a fé se sobrepõe à razão, para acomodar e justificar
posições de crença. A palavra está, aqui, com o seguinte significado: a união de um
fundamento, isto é, um princípio divino, com a experiência humana. É com este sentido que
Allan Kardec a emprega e que a Doutrina Espírita a entende e a trata nesta obra e nos demais
livros da Codificação Espírita. (Veja O Livro dos Espíritos, Caps. 4 e 5.)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Santo Agostinho.:-)


Erasto, discípulo de São Paulo - Paris, 1863

11 Santo Agostinho é um dos maiores divulgadores do Espiritismo.
Ele se manifesta em quase todos os lugares. Encontramos a razão disso
na vida deste grande filósofo cristão. Ele pertence a essa vigorosa
falange dos Pais da Igreja•, aos quais a cristandade deve suas mais
sólidas bases. Como muitos, foi arrancado do paganismo*, melhor
dizendo, da incredulidade mais profunda, pelo clarão da verdade.
Quando, em meio aos seus excessos, sentiu em sua alma a vibração
estranha que o chamava para si mesmo e o fez compreender
que a felicidade estava em outros lugares e não nos prazeres materiais
e passageiros; quando, enfim, na sua estrada de Damasco*,
também escutou a santa voz clamando: Saulo, Saulo, por que me
persegues? Exclamou: Meu Deus! Meu Deus! Perdoa-me, eu acredito,
sou cristão!
Depois disso, tornou-se um dos mais firmes sustentáculos do
Evangelho. Podem-se ler, nas confissões notáveis que nos deixou esse
eminente Espírito, palavras, ao mesmo tempo características e
proféticas, que pronunciou após o desencarne de sua mãe, Santa
Mônica: “Estou convencido de que minha mãe virá visitar-me e dar-me
conselhos, revelando-me o que nos espera na vida futura”.
Que ensinamento nessas palavras e que previsão brilhante da
futura doutrina! É por isso que hoje, vendo que a hora é chegada para
a divulgação da verdade que ele pressentiu outrora, é o seu propagador
ardente e multiplica-se, por assim dizer, para responder a todos os
que o chamam.
Nota: Santo Agostinho vem derrubar aquilo que construiu?
Certamente que não. Como muitos outros, vê com os olhos do Espírito
o que não via como homem. Sua alma livre entrevê novas claridades;
entende o que não entendia antes; novas idéias lhe revelaram o
verdadeiro sentido de algumas palavras. Na Terra julgava as coisas
segundo os conhecimentos que possuía, mas, quando uma nova luz
se fez para ele, pôde julgá-las mais claramente. Foi assim que deve
ter abandonado a crença que tinha a respeito dos Espíritos íncubos* e
súcubos* e sobre a maldição que havia lançado contra a teoria dos
antípodas*. Agora que o Cristianismo lhe aparece em toda a sua pureza,
pode, em alguns pontos, pensar de modo diferente de quando estava
vivo, sem deixar de ser o apóstolo cristão. Pode fazer-se o propagador
do Espiritismo sem renegar sua fé, pois vê nele a realização das coisas
anunciadas. Hoje, ao proclamá-lo, apenas nos conduz a uma
interpretação mais acertada e mais lógica dos textos. Assim também
acontece com outros Espíritos que se encontram em posição
semelhante.

* N. E. - Paganismo: religião pagã; (neste caso) crença contrária à Igreja.
* N. E. - Estrada de Damasco: referente à conversão do apóstolo Paulo. (Veja Atos, 9:4.)
* N. E. - Íncubo: espírito desencarnado masculino que ainda tem desejo sexual.
* N. E. - Súcubo: espírito desencarnado feminino que ainda têm desejo sexual.
* N. E. - Antípoda: habitante que se encontra em lugar oposto em relação a outro. O contrário.

Trecho literarario de "O Evangélio Segundo o Espiritismo". Capitulo 1 "Não Vim Destruir aLei".
págs 40/41 por Allan Kardec.

domingo, 30 de novembro de 2008

A CHEGADA DO CRISTO. :-)


Fénelon - Poitiers, 1861

10 Um dia, Deus, em sua caridade inesgotável, permitiu ao homem
ver a verdade varar as trevas. Este dia foi a chegada do Cristo.
Depois da luz viva as trevas voltaram. O mundo, entre alternativas do
conhecimento da verdade e obscuridade da ignorância, perdeu-se
novamente. Então, tal como os profetas do Antigo Testamento, os Espíritos
se puseram a falar e a vos advertir: O mundo está abalado em
suas bases, o trovão provocará estrondo. Sede firmes!
O Espiritismo é de ordem divina, visto que repousa nas próprias
leis da Natureza, e acreditai que tudo o que é de origem divina tem um
objetivo grande e útil. Vosso mundo se perdia. A Ciência, desenvolvendo-
se, à custa dos valores de ordem moral, estava vos conduzindo
ao bem-estar material em proveito do Espírito das trevas. Vós o sabeis,
cristãos: o coração e o amor devem andar unidos à Ciência. O
reino do Cristo, infelizmente, após dezoito séculos, e apesar do sangue
de tantos mártires, ainda não chegou. Cristãos, voltai ao Mestre
que vos quer salvar. Tudo é fácil para aquele que crê e ama. O amor o
enche de uma alegria indescritível. Sim, meus filhos, o mundo está
abalado; os bons Espíritos vos dizem sempre; curvai-vos sob o sopro
que anuncia a tempestade a fim de não serdes derrubados, isto é,
preparai-vos e não vos assemelheis às virgens loucas*, que foram
apanhadas desprevenidas à chegada do esposo.
A revolução que se prepara é mais moral do que material; os Espíritos,
mensageiros do Senhor, inspiram a fé para que todos vós,
companheiros da Doutrina, iluminados e ardentes, façais ouvir a vossa
voz humilde. Sois o grão de areia, mas, sem grãos de areia, não haveria
montanhas, portanto, que estas palavras: “Somos pequenos”, não tenham
mais sentido para vós. Cada um tem sua missão, cada um tem
seu trabalho. A formiga não constrói seu formigueiro, e os animaizinhos
insignificantes não erguem continentes? A nova cruzada começou: apóstolos
da paz universal e não da guerra, São Bernardos modernos, olhai
e andai para a frente! A lei dos mundos é a lei do progresso.

Trecho da obra "O Evangélio Segundo o Espiritismo" pág 40/41 de Allan Kardec.

domingo, 9 de novembro de 2008

A NOVA ERA


Um Espírito Israelita - Mulhouse, 1861
9 Deus é único.
Moisés é o Espírito que Deus enviou em missão
para torná-lo conhecido, não somente dos hebreus*, mas também dos povos pagãos. Deus serviu-se do povo hebreu para se revelar aos homens, por Moisés e os profetas.
As contrariedades e o sofrimento da vida por que passavam os hebreus destinavam-se a impressionar as nações e fazer cair o véu que encobria as coisas divinas aos homens.
Os mandamentos de Deus, revelados por Moisés, contêm o gérmen
da mais ampla moral cristã. Os comentários da Bíblia restringiam-lhe
o sentido, pois, colocados em prática em toda a sua pureza, não seriam
então compreendidos. Mas os dez mandamentos de Deus nem por isso
deixaram de ser o brilhante frontispício* da obra, como um farol que deveria
iluminar a Humanidade, no caminho a percorrer.
A moral, isto é, o conjunto de regras de conduta, os costumes, bem
como os princípios espirituais ensinados por Moisés, eram apropriados
ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos chamados
à regeneração. Esses povos, semi-selvagens quanto ao aperfeiçoamento
de sua alma, não compreendiam que podiam adorar a Deus, a não ser
por sacrifícios sangrentos, e, muito menos, que fosse preciso perdoar
aos inimigos. Sua inteligência era notável sob o ponto de vista material,
das artes e das ciências, porém, era muito atrasada em moralidade, e
não entenderiam uma religião que fosse inteiramente espiritual. Era-lhes
preciso uma representação semimaterial, como a que lhes oferecia a
religião hebraica. Assim, enquanto os sacrifícios falavam aos seus sentidos,
a idéia de Deus lhes falava ao Espírito. O Cristo foi o iniciador da
moral mais pura, mais sublime: a moral evangélico-cristã, que deve renovar
o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que deve fazer
brotar de todos os corações humanos a caridade e o amor ao próximo e
criar, entre todos os homens, uma solidariedade comum; de uma moral
perfeita, que deve transformar a Terra e fazer dela a morada para Espíritos
moralmente superiores aos de hoje. É a lei do progresso, à qual a
Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca da
qual Deus se serve para fazer avançar a Humanidade.
São chegados os tempos em que as idéias morais devem se
desenvolver para que se realize o progresso que está na vontade de
Deus. Elas devem seguir o mesmo caminho que as idéias de liberdade
percorreram, como suas antecessoras. Não se pense, entretanto,
que este desenvolvimento acontecerá sem lutas. Não, pois, para
chegar à maturidade elas precisam de abalos e de discussões, a fim
de atrair a atenção das massas. Uma vez despertada a atenção, a
beleza e a santidade da moral impressionarão os espíritos, que então
se dedicarão a uma ciência que lhes dará a chave da vida futura e
lhes abrirá as portas da felicidade eterna. Moisés começou, Jesus
continuou, o Espiritismo concretizará a obra.

Extraido da obra ("O Evangélio Segundo o Espiritismo").
(Capítulo 1 Instrução dos Espíritos - pág 39/40)

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O Homem de Bem. :-)


O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.

Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas.

Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.

Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.

Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.

O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.

Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.

É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado."

Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.

Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.

Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.

Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.

Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.

O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.

Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.

* * *

Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo.
112a edição. Livro eletrônico gratuito em http://www.febrasil.org. Federação Espírita Brasileira, 1996.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Origem e Natureza dos Espíritos :-)


Perguntas de Allan Kardec aos Espíritos Superiores
76. Que definição se pode dar dos Espíritos?
“Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.”
77. Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou serão simples emanações ou porções desta e, por isto, denominados filhos de Deus?
“Meu Deus! São obra de Deus, exatamente qual a máquina o é do homem que a fabrica. A máquina é obra do homem, não é o próprio homem. Sabes que, quando faz alguma coisa bela, útil, o homem lhe chama sua filha, criação sua. Pois bem! O mesmo se dá com relação a Deus: somos Seus filhos, pois que somos obra Sua.”
78. Os Espíritos tiveram princípio, ou existem, como Deus, de toda a eternidade?
“Se não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus, quando, ao invés, são criação Sua e se acham submetidos à Sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, é incontestável. Quanto, porém, ao modo porque nos criou e em que momento o fez, nada sabemos. Podes dizer que não tivemos princípio, se quiseres com isso significar que, sendo eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente. Mas, quando e como cada um de nós foi feito, repito-te, nenhum o sabe: aí é que está o mistério.”
79. Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?
“Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos.”
80. A criação dos Espíritos é permanente, ou só se deu na origem dos tempos?
“É permanente. Quer dizer: Deus jamais deixou de criar.”
81. Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns dos outros?
“Deus os cria, como a todas as outras criaturas, pela Sua vontade. Mas, repito ainda uma vez, a origem deles é mistério.”
82. Será certo dizer-se que os Espíritos são imateriais?
“Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação e com uma linguagem deficiente? Pode um cego de nascença definir a luz? Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.”
Comentário de Kardec. Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria. Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença se julga capaz de todas as percepções pelo ouvido, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato. Não compreende as idéias que só lhe poderiam ser dadas pelo sentido que lhe falta. Nós outros somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres sobre-humanos. Não os podemos definir senão por meio de comparações sempre imperfeitas, ou por um esforço da imaginação.
83. Os Espíritos têm fim? Compreende-se que seja eterno o princípio donde eles emanam, mas o que perguntamos é se suas individualidades têm um termo e se, em dado tempo, mais ou menos longo, o elemento de que são formados não se dissemina e volta à massa donde saiu, como sucede com os corpos materiais. É difícil de conceber-se que uma coisa que teve começo possa não ter fim.
“Há muitas coisas que não compreendeis, porque tendes limitada a inteligência. Isso, porém, não é razão para que as repilais. O filho não compreende tudo o que a seu pai é compreensível, nem o ignorante tudo o que o sábio apreende. Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim. É tudo o que podemos, por agora, dizer.”
(Kardec, Allan. Da obra: "dos Espíritos").
(Rio de Janeiro, RJ: FEB).

A Parentela Corporal e a Parentela Espiritual. :-)


Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.
Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências (Capitulo IV, no.13).
Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espírito. Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual: "Eis aqui meus verdadeiros irmãos." Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias.

(Allan Kardec. Da obra:"O Evangelho Segundo o Espiritismo").112a edição.
( Capitulo XIV, no.8. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996).

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Os Infortúnios Ocultos. :-)


Nas grandes calamidades, a caridade se emociona e observam-se impulsos generosos, no sentido de reparar os desastres. Mas, a par desses desastres gerais, há milhares de desastres particulares, que passam despercebidos: os dos que jazem sobre um grabato sem se queixarem. Esses infortúnios discretos e ocultos são os que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que peçam assistência.
Quem é esta mulher de ar distinto, de traje tão simples, embora bem cuidado, e que traz em sua companhia uma mocinha tão modestamente vestida? Entra numa casa de sórdida aparência, onde sem dúvida é conhecida, pois que à entrada a saúdam respeitosamente. Aonde vai ela? Sobe até a mansarda, onde jaz uma mãe de família cercada de crianças. À sua chegada, refulge a alegria naqueles rostos emagrecidos. E que ela vai acalmar ali todas as dores. Traz o de que necessitam, condimentado de meigas e consoladoras palavras, que fazem que os seus protegidos, que não são profissionais da mendicância, aceitem o benefício, sem corar. O pai está no hospital e, enquanto lá permanece, a mãe não consegue com o seu trabalho prover às necessidades da família. Graças à boa senhora, aquelas pobres crianças não mais sentirão frio, nem fome; irão à escola agasalhadas e, para as menorzinhas, o leite não secará no seio que as amamenta. Se entre elas alguma adoece, não lhe repugnarão a ela, à boa dama, os cuidados materiais de que essa necessite. Dali vai ao hospital levar ao pai algum reconforto e tranqüilizá-lo sobre a sorte da família. No canto da rua, uma carruagem a espera, verdadeiro armazém de tudo o que destina aos seus protegidos, que todos lhe recebem sucessivamente a visita. Não lhes pergunta qual a crença que professam, nem quais suas opiniões, pois considera como seus irmãos e filhos de Deus todos os homens. Terminado o seu giro, diz de si para consigo: Comecei bem o meu dia. Qual o seu nome? Onde mora? Ninguém o sabe. Para os infelizes, é um nome que nada indica; mas é o anjo da consolação. A noite, um concerto de benções se eleva em seu favor ao Pai celestial: católicos, judeus, protestantes, todos a bendizem.
Por que tão singelo traje? Para não insultar a miséria com o seu luxo. Por que se faz acompanhar da filha? Para que aprenda como se deve praticar a beneficência. A mocinha também quer fazer a caridade. A mãe, porém, lhe diz: "Que podes dar, minha filha, quando nada tens de teu? Se eu te passar às mãos alguma coisa para que dês a outrem, qual será o teu mérito? Nesse caso, em realidade, serei eu quem faz a caridade; que merecimento terias nisso? Não é justo. Quando visitamos os doentes, tu me ajudas a tratá-los. Ora, dispensar cuidados é dar alguma coisa. Não te parece bastante isso? Nada mais simples. Aprende a fazer obras úteis e confeccionarás roupas para essas criancinhas. Desse modo, darás alguma coisa que vem de ti." É assim que aquela mãe verdadeiramente cristã prepara a filha para a prática das virtudes que o Cristo ensinou. E espírita ela? Que importa!
Em casa, é a mulher do mundo, porque a sua posição o exige. Ignoram, porém, o que faz, porque ela não deseja outra aprovação, além da de Deus e da sua consciência. Certo dia, no entanto, imprevista circunstância leva-lhe a casa uma de suas protegidas, que andava a vender trabalhos executados por suas mãos. Esta última, ao vê-la, reconheceu nela a sua benfeitora. "Silêncio! ordena-lhe a senhora. Não o digas a ninguém." Falava assim Jesus.

(Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo.)

segunda-feira, 9 de julho de 2007

A LEI DE AMOR. :-)


O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra AMOR, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.

O espírito a seu turno vem pronunciar uma segunda palavra do alfabéto divino.
Estái atentos, pois que essa palavra ergue a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela às criaturas deslumbradas o seu patrimônio intelectual. Já não é ao suplício que ela conduz o homem: condus-lo à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito tem hoje que resgatar da matéria o homem.

Disse eu que em seus começos o homem só instintos possuia. Mais próximo, portanto, ainda se acha do ponto de partida, do que da meta, aquele em quem predominam os intintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizadas aos instintos. O Espírito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa. E então que, compreendendo a lei de amor que liga todos os seres, buscareis nela os gozos suavíssimos da alma, prelúdios das alegrias celestes. Lázaro. (Paris, 1862)

(Allan Kardec da obra: O evangélio Segundo o Espiritismo.)
 

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