domingo, 9 de novembro de 2008

A NOVA ERA


Um Espírito Israelita - Mulhouse, 1861
9 Deus é único.
Moisés é o Espírito que Deus enviou em missão
para torná-lo conhecido, não somente dos hebreus*, mas também dos povos pagãos. Deus serviu-se do povo hebreu para se revelar aos homens, por Moisés e os profetas.
As contrariedades e o sofrimento da vida por que passavam os hebreus destinavam-se a impressionar as nações e fazer cair o véu que encobria as coisas divinas aos homens.
Os mandamentos de Deus, revelados por Moisés, contêm o gérmen
da mais ampla moral cristã. Os comentários da Bíblia restringiam-lhe
o sentido, pois, colocados em prática em toda a sua pureza, não seriam
então compreendidos. Mas os dez mandamentos de Deus nem por isso
deixaram de ser o brilhante frontispício* da obra, como um farol que deveria
iluminar a Humanidade, no caminho a percorrer.
A moral, isto é, o conjunto de regras de conduta, os costumes, bem
como os princípios espirituais ensinados por Moisés, eram apropriados
ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos chamados
à regeneração. Esses povos, semi-selvagens quanto ao aperfeiçoamento
de sua alma, não compreendiam que podiam adorar a Deus, a não ser
por sacrifícios sangrentos, e, muito menos, que fosse preciso perdoar
aos inimigos. Sua inteligência era notável sob o ponto de vista material,
das artes e das ciências, porém, era muito atrasada em moralidade, e
não entenderiam uma religião que fosse inteiramente espiritual. Era-lhes
preciso uma representação semimaterial, como a que lhes oferecia a
religião hebraica. Assim, enquanto os sacrifícios falavam aos seus sentidos,
a idéia de Deus lhes falava ao Espírito. O Cristo foi o iniciador da
moral mais pura, mais sublime: a moral evangélico-cristã, que deve renovar
o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que deve fazer
brotar de todos os corações humanos a caridade e o amor ao próximo e
criar, entre todos os homens, uma solidariedade comum; de uma moral
perfeita, que deve transformar a Terra e fazer dela a morada para Espíritos
moralmente superiores aos de hoje. É a lei do progresso, à qual a
Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca da
qual Deus se serve para fazer avançar a Humanidade.
São chegados os tempos em que as idéias morais devem se
desenvolver para que se realize o progresso que está na vontade de
Deus. Elas devem seguir o mesmo caminho que as idéias de liberdade
percorreram, como suas antecessoras. Não se pense, entretanto,
que este desenvolvimento acontecerá sem lutas. Não, pois, para
chegar à maturidade elas precisam de abalos e de discussões, a fim
de atrair a atenção das massas. Uma vez despertada a atenção, a
beleza e a santidade da moral impressionarão os espíritos, que então
se dedicarão a uma ciência que lhes dará a chave da vida futura e
lhes abrirá as portas da felicidade eterna. Moisés começou, Jesus
continuou, o Espiritismo concretizará a obra.

Extraido da obra ("O Evangélio Segundo o Espiritismo").
(Capítulo 1 Instrução dos Espíritos - pág 39/40)

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O Homem de Bem. :-)


O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.

Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas.

Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.

Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.

Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.

O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.

Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.

É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado."

Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.

Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.

Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.

Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.

Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.

O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.

Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.

* * *

Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo.
112a edição. Livro eletrônico gratuito em http://www.febrasil.org. Federação Espírita Brasileira, 1996.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Firmeza da Fé



"E os que estão sobre a pedra,
estes são os que, ouvindo a palavra,
a recebem com alegria; mas, como
não têm raiz, apenas crêem por
algum tempo, e, na época da tentação,
se desviam." - Jesus. (Lucas, 8:13.)

A palavra “pedra”, entre nós, costuma simbolizar rigidez e impedimento; no entanto, convém não esquecer que Jesus, de vez em quando, a ela recorria para significar a firmeza. Pedro foi chamado pelo Mestre, certa vez, a “rocha viva da fé”.

O Evangelho de Lucas fala-nos daqueles que estão sobre pedra, os quais receberão a palavra com alegria, mas que, por ausência de raiz, caem, fatalmente, na época das tentações.

Não são poucos os que estranham essa promessa de tentações, que, aliás, devem ser consideradas como experiências imprescindíveis.

Na organização doméstica, os pais cuidarão excessivamente dos filhos, em pequeninos, mas a demasia de ternura é imprópria no tempo em que necessitam demonstrar o esforço de si mesmos.

O chefe de serviço ensinará os auxiliares novos com paciência e, depois, exigirá, com justiça, expressões de trabalho próprio.

Reconhecemos, assim, pelo apontamento de Lucas, que nas experiências religiosas não é aconselhável repousar alguém sobre a firmeza espiritual dos outros; enquanto o imprevidente descansa em bases estranhas, provavelmente estará tranqüilo, mas, se não possui raízes de segurança em si mesmo, desviar-se-á nas épocas difíceis, com a finalidade de procurar alicerces alheios.

Tudo convida o homem ao trabalho de seu aperfeiçoamento e iluminação.

Respeitemos a firmeza de fé, onde ela existir, mas não olvidemos a edificação da nossa, para a vitória estável.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho, Verdade e Vida.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
16a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996.


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O Assistido. :-)


Diante daqueles a quem socorres, não admitas que a caridade seja prerrogativa unicamente de tua parte.

Enumera os bens que recolhes daqueles a quem amparas.

Habitualmente doamos aos companheiros necessitados algo do que nos sobra, deles recebendo muito do que nos falta.

*

É preciso não esquecer que da pessoa a quem assistimos obtemos benefícios substanciais, como sejam:

a verificação de nossas próprias vantagens;

o conhecimento das responsabilidades que nos competem, à frente dos outros;

o aviso salutar, com relação aos deveres que nos cabem, na preservação dos bens da vida;

a paciência com os nossos obstáculos e males menores;

o ensinamento da provação com que somos defrontados;

a aquisição de experiência;

as vibrações de simpatia;

o auxílio que recebemos para sustentar mais amplo auxílio aos outros;

o consolo nos sofrimentos que, porventura, nos fustiguem;

o crédito moral que se registra, a nosso favor, na memória dos espíritos encarnados e desencarnados que amparam a criatura em crises e empeços maiores que os nossos.

*

Serve a benefício dos semelhantes, tanto quanto possas e como possas, em bases da consciência tranqüila, sempre que encontres o próximo baldo de equilíbrio, espoliado de esperança, sedento de paz ou cansado de angústia, nas trilhas do cotidiano, porque a caridade é sempre maior nos dividendos para aquele que dá. Por isso mesmo, temos no Evangelho do Senhor a advertência inesquecível: "mais vale dar que receber."

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
Araras, SP: IDE, 1978.


sábado, 4 de outubro de 2008

O Amor Romântico. ;-)



O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.

Fernando Pessoa
 

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