A aversão da grande maioria da população ao espiritismo, especialmente no Brasil, é uma questão complexa que envolve tanto preconceito quanto diferenças religiosas, particularmente em relação ao Catolicismo.
Preconceito e Desconhecimento
O desconhecimento sobre o que o espiritismo realmente é um fator importante. Muitas vezes, a imagem do espiritismo é associada a:
- Práticas distorcidas: Alguns o veem como charlatanismo, magia negra ou "coisa do demônio", devido a representações equivocadas na mídia ou à confusão com outras práticas esotéricas ou religiões afro-brasileiras.
- Medo do desconhecido: A ideia de comunicação com os mortos pode gerar receio em pessoas que não compreendem a doutrina espírita, que a vê como um processo natural de evolução espiritual.
- Estigma histórico: O espiritismo já foi alvo de perseguição e marginalização em diferentes momentos da história, sendo inclusive associado a doenças mentais no passado. Esse estigma ainda persiste em certas camadas da sociedade.
- Conceitos errôneos: Há quem acredite que o espiritismo prega a possessão ou o mal, o que não corresponde à sua doutrina que preza pela caridade, moralidade e progresso espiritual.
Questão Religiosa (Catolicismo)
A diferença doutrinária entre o espiritismo e o Catolicismo é um ponto crucial para a rejeição por parte de muitos católicos. A Igreja Católica tem uma postura clara e histórica de condenação a práticas como a evocação dos mortos e a crença na reencarnação, que são pilares do espiritismo.
Alguns dos principais pontos de divergência que levam à condenação e, consequentemente, à rejeição por parte dos católicos incluem:
- Comunicação com os mortos: A Igreja Católica proíbe a necromancia e a evocação de espíritos, considerando-as contrárias à fé e à honra devida a Deus. O Catecismo da Igreja Católica condena todas as formas de adivinhação, incluindo o recurso a médiuns.
- Reencarnação vs. Ressurreição: O espiritismo prega a reencarnação como um processo de aperfeiçoamento contínuo da alma. O Catolicismo, por sua vez, acredita na ressurreição do corpo e na vida eterna após uma única existência terrena, onde o destino da alma é determinado pelo julgamento divino.
- Dogmas de Fé: O espiritismo não aceita dogmas centrais do Catolicismo, como a Santíssima Trindade, a divindade plena de Jesus Cristo, e o papel salvífico da crucificação e ressurreição de Cristo. A doutrina espírita propõe um caminho de salvação diferente, baseado no progresso moral e intelectual.
- Autoridade Religiosa: Enquanto o Catolicismo possui uma hierarquia e dogmas bem definidos, o espiritismo se baseia nos ensinamentos codificados por Allan Kardec, que são vistos como uma revelação progressiva.
Para a Igreja Católica, aderir ao espiritismo implica em negar fundamentos essenciais da fé católica, podendo até mesmo levar à excomunhão automática em alguns casos, dependendo do grau de adesão às práticas espíritas.
Conclusão
Em resumo, a forma como a população em geral vê o espiritismo é uma mistura de:
- Preconceito, alimentado pela falta de conhecimento sobre a doutrina, pela associação com práticas equivocadas e pelo estigma histórico.
- Diferenças doutrinárias irreconciliáveis com o Catolicismo, que é a religião predominante no Brasil. A Igreja Católica, por sua vez, proíbe explicitamente a adesão ao espiritismo devido às suas crenças fundamentais serem antagônicas.
É importante notar que o espiritismo prega o respeito a todas as religiões e busca a fraternidade. No entanto, a visão externa, especialmente a partir de uma perspectiva católica, muitas vezes se baseia nas diferenças teológicas e na condenação histórica, gerando a percepção negativa
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